Nossa viagem à Ucrânia em 2007


A Ucrânia ainda é pouco conhecida, apesar de ser o segundo maior país da Europa. Depois de ter tido sua cultura arrasada pelo comunismo, a Ucrânia luta para se recuperar. A economia se encontra em franco crescimento. O país tem uma longa história de dominação estrangeira, principalmente devido às suas férteis terras e posição geográfica estratégica. Ao longo dos séculos, a Ucrânia foi invadida, dominada e destruída por tártaros, bárbaros, vikings, turcos, austro-húngaros, poloneses, alemães e russos, sendo breves os seus períodos de independência total. A atual era de liberdade começou em 24 de agosto de 1991, com a proclamação de independência pelo parlamento ucraniano, logo após a dissolução da União Soviética. O país ainda parece meio fechado, a população não está bem preparada para o turismo e tem pouca miscigenação (vi apenas 2 negros e poucos asiáticos nessa viagem).

No entanto, trata-se de uma nação muito antiga. Cada prédio histórico tem séculos de existência. A população é composta por um povo sofrido, lutador, e com uma riquíssima cultura. A educação é prioritária e existe uma grande rede de ensino. A vida parece bem organizada na Ucrânia, as pessoas são em geral bonitas e bem vestidas. É muito raro ver uma pessoa obesa. O trânsito é relativamente bem organizado e o pedestre é respeitado -- os carros param, mesmo nas avenidas, quando um pedestre começa a atravessar uma via pública. Nunca vi um "flanelinha" em toda a viagem. Mas vi alguns mendigos. Pichações existem, mas são muito raras.

Encontramos um país de contrastes - o antigo frente ao moderno. O setor agrícola é muito forte, altamente mecanizado. Mas vi minifúndios usando técnicas primitivas de preparo da terra. Trens, bondes e carros antigos convivem com carros modernos e até de luxo. O trabalho manual em muitas indústrias convive com setores altamente informatizados e automatizados. A Ucrânia é realmente um lugar interessante...

No total, tiramos quase 1.000 fotos. Meu cunhado filmou muita coisa. Vamos ter o que rever e recordar por um longo tempo...


Onde fomos

Kiev
(a capital)

Lviv
 (e a vila de Staré Celó)

Lutsk

 (mais as vizinhas Tresten, Pocháiev, Dubno, Ostriv)



Datas

13 a 27 de outubro, 2007


Língua

A língua oficial é o ucraniano, mas o russo também é muito falado (principalmente pelos jovens), pois o domínio soviético durou mais de meio século. Encontramos pouca gente que falasse inglês. Helena e André falam um ucraniano mais ou menos fluente e se deram bem. Adriana e eu nos safamos, apesar do nosso ucraniano claudicante. Daniela usou seu inglês, quando possível, e no restante foi de carona... Mas todos nós fomos mal quando encontramos gente que só falava russo. Por falar nisso, achei interessante que as novelas russas mostradas nas TVs da Ucrânia são legendadas em ucraniano... E as novelas brasileiras são dubladas, mas se escuta o áudio em português ao fundo...


Economia

A moeda do país é a Hryvnia (UAH). Em outubro/2007, um real valia 2,5 UAH*. Com esse câmbio, muita coisa ficou barata pra nós. Uma refeição razoável, por exemplo, ficava em torno de 12 reais. Preço da gasolina: entre 1,56 e 1,88 reais (80 ou 95 octanas). Diesel: R$ 1,66 o litro. Passagens urbanas (bonde, ônibus, ônibus elétrico ou metrô): R$ 0,20. Lotação/van: R$ 0,60. Computadores e produtos de informática: aproximadamente mesmos preços do Brasil. Supermercado - exceto algumas frutas e Nescafé (mais que o dobro do nosso preço), praticamente tudo tem preço similar ao nosso, inclusive as carnes. As roupas são caras pra nós, mas sapatos, bolsas e botas são baratas. O salário mínimo oficial é R$ 210 (UAH 525, em abril/2007)**, mas o salário médio é R$ 500***. O crescimento previsto do PIB para 2007 é de 7 por cento (contra menos de 4% no Brasil). Pra quem tem euros, dólares ou mesmo reais, em geral tudo fica barato (exceto roupas e imóveis, que são muito caros).

* Em Jan/2012 o câmbio era 4,35 UAH para cada Real. Portanto, se mantidos os preços daquela época, seria ainda mais barato para nós...
** UAH 985 em Set/2011 (R$ 226,00 ao câmbio de R$ 1.00 = UAH 4,35 em Jan/2012).
*** R$ 620 em 2012, ao câmbio de R$ 1.00 = UAH 4,35.



Geografia

Área: A Ucrânia tem 603.700 km2, mais ou menos a soma de RS + SC + SP, ou Paraguai + Paraná. É o 2° maior país da Europa. Os outros grandes são a Rússia, com 17 milhões de km2 (cuja maior parte na verdade fica na Ásia), França (544 mil km2) e a Espanha (505 mil km2).
Localização: Europa Oriental, entre o Mar Negro (ao sul), Polônia e Rússia (ao norte). Faz fronteira com a Rússia, Rússia Branca (Bielo-Rússia), Hungria, Moldávia, Polônia, Romênia e Eslováquia.
População: Estimada em 50 milhões. Já teve 52 milhões no censo anterior, mas a emigração de trabalhadores tem sido muito grande para os países vizinhos. Um expressiva população de ucranianos vive no exterior. São quase 11 milhões na Rússia, 2,2 milhões nos EUA, 1,4 milhão no Cazaquistão, 1,3 milhão na Bielo-Rússia, 1 milhão no Canadá, 850 mil na Polônia, e 500 mil no Brasil (entre "importados" e descendentes, segundo matéria na revista da FAAP). O crescimento populacional tem sido negativo na Ucrânia: cerca de menos 0,6 por cento.
Grupos étnicos - Ucranianos: 73%. Russos: 22%. Judeus: 1%. Outros: 4 por cento.
Recursos naturais: Minério de ferro, carvão, manganês, gás natural, petróleo, sal, enxofre, grafite, titânio, magnésio, níquel, mercúrio, madeira.
Indústria: Diversificada, mas forte no setor siderúrgico e máquinas pesadas (forneceu turbinas para hidrelétricas no Brasil, inclusive Itaipu).
Divisão administrativa: 24 oblasti (oblast = espécie de província), 1 república autônoma (Criméia), e 2 cidades com status de oblast.
Trens: O país tem 23.350 km de rede ferroviária, sendo 8.600 km para trens elétricos.
• Principal religião: Ortodoxa. O Cristianismo foi adotado ainda no estado Rus de Kiev, em 988, pelo príncipe Volodymyr (Vladimir para os russos).


Temperatura

Faz muito frio por aquelas bandas. Nessa época do ano (outubro), já pegamos temperaturas bem baixas, algumas vezes próximas de zero. Teve até alguma neve num par de noites, mas não chegamos a vê-la. Numa das cidades que visitamos (Lviv) é comum fazer 30 graus negativos no inverno. Tivemos alguns dias de temperatura amena, mas no geral pegamos muito frio.


Breve História

O registro mais antigo sobre habitantes da região hoje chamada de Ucrânia refere-se à civilização Trypillia (4.000 a 3.000 antes de Cristo). A seguir são registrados os citas (300 a 200 a. C.), e depois vários registros de povoamentos gregos. Através dos tempos, a Ucrânia já teve os nomes de Oriana, Roxolânia, Citia, Sarmatia e Federação Tribal dos Antes.

O termo "Rus" foi citado pela primeira vez nas crônicas de Kiev, referindo-se ao rei e seus homens. O chamado Estado Rus de Kiev foi fundado pelo príncipe Oleg por volta do ano 880. O principado Rus de Kiev dominou a região de Kiev durante os 2 séculos seguintes, sempre com muitos candidatos a herdeiro do comando... De 1054 a 1224, nada menos que 64 principados tiveram existências mais ou menos efêmeras, 293 príncipes reivindicaram direitos de sucessão, gerando 83 guerras civis...

Em 1024, as forças da Quarta Cruzada saquearam Constantinopla, diminuindo a importância da rota comercial representada pelo rio Dnieper. O conseqüente declínio do estado Rus de Kiev causou a sua fragmentação em diversos principados e vários grandes centros regionais -- Novgorod, Vladimir-Suzdal, Halych, Polotsk, Smolensk e Pereyaslav. Dos habitantes desses centros regionais derivaram-se três nacionalidades: Ucranianos, no sudeste e no sudoeste; Bielo-russos, ao noroeste; e Russos, ao norte e nordeste.

Vê-se, assim, que a Rússia é originária da Ucrânia, alguns séculos depois da formação do estado Rus de Kiev.

O nome "Ucrânia" já era usado como denominação daquela região pelo menos desde o ano de 1187 (segundo o Manuscrito de Halych-Volyn), mas foi somente depois da criação da República Nacional da Ucrânia (1917) que o termo virou nome oficial do país. Porém em 1919, o nome foi alterado para República Soviética Socialista da Ucrânia. Finalmente, o histórico nome Ucrânia reapareceu após a declaração de independência do país em 1991. Em 28 de junho de 1996, o nome oficial foi ratificado pela Constituição da Ucrânia.


Música

Muita gente conhece a riqueza da música folclórica ucraniana. Mas, com exceção dos "ligados" naquele país, poucos estrangeiros conhecem a música atual da Ucrânia. Durante a nossa viagem, tivemos pouco tempo para "garimpar" nessa área, mas ainda nos foi possível comprar alguns discos. Trouxemos pra casa um bom CD com músicas de Volodymyr Ivasiuk, por exemplo (nem tão atual... mas já está mais pro lado pop).

Volodymyr Ivasiuk morreu em 1979, com apenas 30 anos de idade. Dizem que ele foi "falecido" pelos soviéticos, porque suas músicas estavam incentivando o nacionalismo ucraniano. Mas Ivasiuk ainda é muito popular na Ucrânia. Filho dum escritor, ele era médico e formado em música, sendo autor de dezenas de composições, populares e eruditas. Sua canção mais conhecida (uma espécie de "hino" da música popular) é Chervona Ruta, que já foi gravada por vários artistas, sendo a superstar Sofia Rotaru sua intérprete mais famosa. Há um belo vídeo no YouTube, neste link.

Aliás, Sofia Rotaru tem entre suas inúmeras gravações também a belíssima canção Odná Kalena, que pode ser vista clicando aqui. Imperdível.

Também vieram na nossa mala mais dois CDs do grupo Okean Elzy, uma das bandas na linha rock mais conhecidas na Europa eslava nos últimos anos. Já tínhamos um disco deles antes da viagem. E um dos que compramos agora em Kiev traz 9 álbuns do grupo, no formato mp3 (da Moon Records). A banda já gravou 13 discos. Clique aqui para ver o site oficial do grupo.

Com material baixado da internet nos últimos meses, já montei 3 DVDs com videoclipes de música ucraniana, abrangendo diversos intérpretes e vários estilos de música (e a cada dia descobrimos coisas novas). É uma pena que, aqui em Porto Alegre, praticamente não temos com quem compartilhar isso.

Há alguns anos descobri a Zabava, uma excelente rádio de internet (www.radiozabava.com.br), que opera a partir de Prudentópolis, no Paraná. A Rádio Zabava está no ar desde 2007 e funciona dia e noite, com uma programação para todos os gostos. Vale a pena conferir!
Em 2011, surgiu também a Rádio Rozmova <http://www.radiorozmova.com.br> em União da Vitória - Paraná, ligada à eparquia São João Batista, do Rito Bizantino Ucraniano Católico.

Também descobri a Molode Radio (Молоде радіо), localizada em Kiev, na Ucrânia (no ar em <http://molode.com.ua/>) e a excelente Rádio Fest Zabava (Фест радіо Забава), de Monastyrska, Ternópil (Монастириський район, Тернопільська область) na Ucrânia (www.fest-radio.monastyryska.com/ - para ouvir, clique no ícone-seta em "Слухати", no lado esquerdo da página). Esta última toca música folclórica e étnica contemporânea, além de historietas para crianças (diariamente às 14h30, ou 15h30 no nosso horário de verão).



A viagem

Foi uma longa viagem. Só na ida levamos cerca de 26 horas, sendo 16 horas de vôo e 10 horas de aeroporto (incluindo conexões). Voamos com as empresas TAM, KLM e Ukraine International, num pacote organizado por Sérgio Maciura, da agência Dnipró Gold, de Curitiba.

Fuso horário: Quando saímos do Brasil, a diferença era de 6 horas (9h da manhã no Brasil = 15h na Ucrânia). Mas no dia seguinte começou o horário de verão por aqui e a diferença diminuiu para 5 horas. No dia seguinte da nossa saída de lá, a Ucrânia estava saindo do seu horário de verão, encurtando ainda mais a diferença, agora para 4 horas (9h da manhã aqui = 13h na Ucrânia).

Visitamos a capital Kiev (3 milhões), Lviv (830 mil), Lutsk (250 mil) e outras cidades e lugarejos. Viajamos de trem, van e táxi. Apenas duas semanas é muito pouco tempo pra conhecer qualquer lugar, mas já deu pra visitar muitas igrejas (que é o que mais tem na Ucrânia...), museus, prédios históricos, parques e lojas. Também encontramos vários parentes.



Saímos de Porto Alegre em 13 de outubro pelo vôo JJ-3297 da TAM e chegamos em Guarulhos às 11h45. Almoçamos no aeroporto e esperamos pela chegada das filhas, que moram em São Paulo e apareceram por volta das 16h.

O check-in na KLM foi meio turbulento, pois descobrimos que os assentos reservados para a família não eram contíguos, conforme nos havia prometido nosso agente de viagem. Porém, depois de alguma discussão, conseguimos acertar a situação...

Nosso vôo para Amsterdam era o KL-792. Previsto para sair às 18h40, mas decolou às 19h15. A viagem foi razoável. Chegamos no aeroporto Schiphol às 11h15 da manhã seguinte. Não deu pra ver nada daquele fabuloso (e gigantesco) aeroporto, pois com a atual neura da segurança e a distância entre terminal de chegada e terminal de saída, o espaço de tempo foi muito curto.

Isso foi um dos pontos negativos da viagem, na ida e na volta -- a correria no Schiphol, além do "madrugadão" para sair de Kiev, na volta. Não recomendo essa situação a ninguém!

Chegamos às 16h30 no Borispol, em Kiev, com chuva e uma temperatura ao redor de 2 graus centígrados. O Borispol é meio acanhado para aeroporto de capital dum país. De certa forma, ele lembra o de Porto Alegre antes da reforma. Levamos cerca de 1 hora pra passar pela imigração e pela alfândega (a burocracia seria até razoável, não fosse a língua diferente...). Na saída do aeroporto, fomos "resgatados" pelo Valentin, motorista da van da Olymp Travel (correspondente da Dnipró Gold) que nos levaria para o hotel.



Kiev

Kiev é uma cidade muito antiga. Os primeiros povoamentos aparecem por ali há cerca de 20 mil anos! Num desses povoamentos, Kyryllivska (que hoje é nome de rua em Kiev), foram encontradas ossadas de 67 mamutes. Segundo a lenda, Kiev foi fundada pelos irmãos Kiy, Shchek, Khoryv e sua irmã Lybid. Acredita-se que a cidade tenha sido fundada entre os séculos V e VII. No final do século X, Kyiv tornou-se a capital do poderoso estado Rus de Kiev e um influente centro político da Europa. No século XI havia 400 igrejas e 50.000 habitantes em Kiev, mais que o dobro de Londres ou Hamburgo da época, que tinham cerca de 20.000 pessoas cada. Das cidades da Europa Ocidental, Kiev só perdia para Paris, que tinha à época 100.000 habitantes.

Em Kiev ficamos no Hotel Lybid (www.hotellybid.com.ua). Prédio de 17 andares, numa região central, próximo da estação ferroviária. Os apartamentos são pequenos. Mas as camas são confortáveis. Bons banheiros. Tudo muito limpo. As "chaves" dos apartamentos são cartões magnéticos, como já se usa em outras partes do mundo. Para subir ao andar do seu quarto, o hóspede precisa inserir o cartão magnético num slot do elevador (para descer não precisa). No andar que ficamos na primeira fase da viagem (10º), tinha uma sala com máquina de costura e ferro pra passar roupa, para uso dos hóspedes. Café da manhã muito farto (pães, bolachas, sucrilhos, docinhos, nozes, ameixa seca, salada de frutas, carnes, toucinho, embutidos, queijo, requeijão, nata, iogurtes, margarina, geléias, saladas, repolho, salsichas, ovos cozidos, omeletes, panquecas, café, chás, leite frio, sucos artificiais de frutas, açúcar de beterraba em cubinhos). O café da manhã é servido com música ao vivo (piano).

A cidade é servida por 3 linhas de metrô (R$ 0,20), com trens freqüentes e limpos. Há também muitas linhas de ônibus e trólebus, além de lotações (vans ou "peruas", como dizem os paulistanos). Nas ruas, todos as marcas e modelos de carros, desde o velho (e novo) Lada até modernos BMW e todos os carros europeus, americanos e asiáticos. Eles também têm montadoras locais de carros estrangeiros. O trânsito até flui razoavelmente bem organizado, mas lá também buzinam muito e estacionam sobre as calçadas. Ou seja, os problemas típicos das cidades grandes.

Há modernos e sofisticados shoppings, além de supermercados grandes e pequenos. Há também muitos camelôs, mas ninguém atrapalhando o trânsito dos pedestres (existem "camelódromos" gigantescos).

No rio Dnieper (Dnipró) há várias ilhas, e depois delas, em direção ao aeroporto Borispol, está a parte nova de Kiev. Pegamos o metrô (linha vermelha) e visitamos o belo Hydropark, numa dessas ilhas. A cidade tem muitas igrejas, quase todas muito antigas. Boa parte dessas igrejas faz parte do itinerário turístico de Kiev. Clique aqui para ver uma webcam mostrando a a região de Osokorki, com vista do rio Dnieper e a Ponte Sul de Kiev
, ao vivo.


Lviv

Para os padrões das cidades ucranianas, Lviv é relativamente "jovem", pois foi fundada em 1256 pelo príncipe da Galícia Daniil Romanovitch, que deu o nome da cidade em homenagem ao seu filho Lev (= lviv = leão). Por isso Lviv (Lvov, para os ucranianos) é chamada a "cidade do leão". Lviv virou capital do Principado da Galícia e teve grande importância política e comercial através dos séculos. Em 1772, após a divisão da Polônia, Lviv passou para a Áustria e mudou de nome, passando a chamar-se Lemberg. O desenvolvimento de Lviv como centro cultural teve início em 1848, quando foi fundado em Lemberg (Lviv) o Conselho de Rus, que apoiava a auto-determinação dos rutenos (ucranianos) na Galícia.

Hoje, Lviv é a capital da província (oblast) de Lviv, sendo também chamada de "capital da Ucrânia ocidental". A cidade é um importante centro industrial e cultural, com duas universidades de porte, uma orquestra filarmônica, um teatro de ópera e balé. O centro histórico da cidade é parte do patrimônio histórico da UNESCO. Clique aqui para ver 11 webcams mostrando imagens alternadas, ao vivo, de diferentes bairros da cidade (cerca de 1 minuto cada).

Aqui ficamos no Hotel George (http://www.georgehotel.com.ua/), construído em 1901, numa variável eclética do estilo neo-renascentista. É um hotel "meia-boca", apesar do seu ar meio esnobe. Ou seja, já teve seus dias de glória. Os quartos são muito amplos, as camas confortáveis, a geladeira tão grande quanto um refrigerador doméstico. O café da manhã é até razoável, mas são os atendentes que determinam a mesa onde se pode sentar, e são eles que trazem a comida -- o hóspede não pode escolher o que quer comer... Em todo o caso, sempre teve proteínas e carboidratos em quantidade suficiente...

A cidade também é muito antiga e muito fria. A população está estimada em 830 mil.

Nas redondezas de Lviv (ou Lvov), visitamos Staré Celó, uma aldeia típica. Nessa empreitada, tivemos ajuda das parentas Lídia e Valentina.

Pra quem se interessar pela história e quiser ver imagens da cidade, existe um belo documentário (mas todo em ucraniano) sobre Lviv. Aqui neste link para o YouTube tem um trecho desse filme (eu tenho o DVD).

Em 30 de setembro de 2006 foi comemorado o aniversário de 750 anos de fundação da cidade. Veja neste link um clipe do espetáculo de luzes apresentado no Teatro da Ópera de Lviv.  


Lutsk

O nome Lutsk tem provável origem no eslavo antigo luka (arco ou curva do rio). O rio Styr forma uma curva ao redor do centro histórico da cidade. Em 1.093 Lutsk já era o centro e fortificação do recém-fundado principado de Volynia. Clique aqui para ver imagens ao vivo através de uma webcam instalada na Praça do Teatro (Театральна площа) -- ao fundo vê-se o hotel onde ficamos e, à direita dele, o shopping onde fomos fazer compras e almoçar algumas vezes).

Com uma população em torno de 250 mil, Lutsk foi uma das cidades mais simpáticas que visitamos. Tudo muito limpo, ruas super-largas. É uma cidade quase sofisticada. Parece que o povo tem um bom nível cultural e há sinais de bom poder aquisitivo. Ficamos no Hotel Ukraina, tão bom quanto o hotel da capital (Lybid), com bom espaço nos quartos, bons banheiros, tudo muito limpo. O hotel é o melhor da cidade e tem somente 4 andares. Não achei um site do próprio hotel na internet, mas este ajuda: Hotel Ukraina. Ao lado do hotel tem o Café Caramelo, muito bom. O restaurante do hotel também é bem razoável, e os preços não são exorbitantes.

Uma das atrações da cidade é o castelo (zámok) Lubart, ou o que restou dele, que também foi uma fortaleza no passado. O castelo foi construído pelo príncipe Lubart (daí seu nome) no século XIV e durou até o século XVI. Dentro das ruínas tem o museu do livro e um museu de sinos. A entrada custou 4 UAH (R$ 1,60).

Em 28/5/2007 o Banco Nacional da Ucrânia colocou em circulação a nota de 200 hryvnias (dvisti hrevenh, a nota de maior valor no dinheiro ucraniano), tendo no verso uma imagem da torre principal do castelo Lubart, e na frente uma imagem da grande poetisa Lesya Ukrainka.

Outra atração é a rede de túneis e passagens subterrâneas sob a cidade, que teriam sido usadas pela população para driblar os invasores nas últimas guerras. A entrada para os túneis fica ao lado da catedral de S. Pedro e S. Paulo (construída entre 1616 e 1640). Mas no dia e hora que fomos ver o acesso estava fechado.

Usamos Lutsk como "QG" para visitar algumas localidades próximas, como o santuário de Potcháiev, a aldeia de Ostriv (entre Berestetchko e Radyvyliv, ou Radzivilov), o santuário e cemitério cossaco Kozatski Mohele, a cidade de Dubno (apenas de passagem), e a aldeia de Kresten, ao norte de Lutsk. Em dois desses locais (Kresten e Ostriv) fomos à procura de parentes. Encontramos quase todos. A prima Lídia viajou de Lviv a Lutsk para nos ajudar na procura dos demais parentes.
Mais tarde, no hotel, também recebemos a visita de outra parenta, a prima Nina.



Valore$

• Hotéis (diárias, ap. duplo) -- Lybid (Kiev): US$ 133.  George (Lviv): US$ 128.  Ukraina (Lutsk): US$ 109.
• Táxis - Tem que acertar o preço antes de usar, para evitar sustos...
• Táxi contratado para visitar cidades próximas é barato.
• Táxi do aeroporto para o hotel Lybid: entre 25 e 45 dólares.
• Serviço de transfer, hotel/aeroporto de Kiev (van): pagamos 95 dólares p/4 pessoas.
• Livros e CDs - Em reais, ficam mais baratos que no Brasil.
• Internet (cyber cafés) - Cerca de 3 reais por hora.
• Uma refeição razoável fica entre 30 e 60 UAH (12 a 24 reais).
• Pilhas alcalinas custam quase a metade do valor cobrado no Brasil.
• Frutas são um pouco mais caras que no Brasil. Mas bananas têm preços semelhantes.
• Em reais, carnes de gado e frango custam o mesmo que aqui. Mas carne de porco é mais barata.
• Pães são bem mais baratos que no Brasil. E muito gostosos.



(Animação: kerchmax.tripod.com/symbols.html)


Fatos interessantes / Dicas
  • Encontramos relativamente poucos restaurantes (tem mais igrejas que restaurantes?).
  • Nos restaurantes tipo buffet, a comida (pouco quente) é servida em porções. O cliente jamais se serve.
  • Café com leite até existe, mas o leite é geralmente frio.
  • O fumo ainda é liberado no país. Fumam em qualquer lugar e a qualquer hora.
  • Não vi motos, dos tipos que usamos por aqui. Vi apenas algumas Vespa e Harley Davidson.
  • Nos supermercados as embalagens são pagas (entre R$ 0,05 e R$ 0,20 por sacola plástica).
  • As jovens ucranianas têm pernas bonitas e gostam de mostrá-las, mesmo com muito frio.
  • Nas bancas de camelôs e nos mercados, não se deve tocar nas mercadorias expostas.
  • Existem tantos camelôs como aqui (ou talvez ainda mais...), só que não estão nas ruas.
  • No Brasil os bondes morreram há tempos. Lá, ainda estão construindo novas linhas, apesar da fartura de ônibus, metrô, trólebus e lotações.
  • O estacionamento sobre as calçadas é coisa comum.
  • Vimos vários cassinos.
  • Não vi pedágios na Ucrânia. Até existem planos, mas lá a via alternativa não pedagiada é obrigatória. Muito justo. Já no Brasil...
  • As ruas e os espaços públicos em geral são todos muito limpos.
  • Existem muitos bons cafés. E também cyber-cafés, sempre lotados, com preços de internet bastante razoáveis.
  • Todas as cidades têm muitas livrarias.
  • Os trens que usamos não tinham restaurante (só oferecem salgadinhos e biscoitos). Portanto, é bom levar comida e bebida.
  • Funcionários públicos e alguns atendentes de hotéis e lojas são antipáticos e grosseiros.
  • Quem fala um pouco de ucraniano, tem chance de ser mal atendido em lojas, restaurantes, etc, pois pode ser tomado por "caipira" e os atendentes não têm paciência de repetir uma resposta que não se entenda. Quem só souber algumas palavras ou falar inglês, a chance de bom atendimento melhora muito...
  • Alfândega brasileira: pessoal de bordo da KLM informa que basta um formulário para toda a família. Isso não é verdade. A declaração tem que ser individual.
  • Não aconselho pegar o vôo 3097 da KLM -- tem que sair de madrugada do hotel em Kiev. É terrível.
  • Também não aconselho pegar a conexão no vôo 791 da KLM (Amsterdam/Guarulhos). Muito pouco tempo.
  • Pela mesma razão, não aconselho o vôo KLM 792 (de SP) para conexão no KLM 1385 (Amsterdam/Kiev).
  • Se viajar em família, aconselho confirmar assentos juntos ou contíguos na KLM. Tivemos problema na saída de SP.
  • Em nenhum dos hotéis que usamos havia carregador de malas. Nem foi preciso.
  • Eletricidade: 220 volts.
  • Na maioria dos banheiros públicos ainda se usa a "latrina turca", aquela com o formato dos pés e um buraco no meio (sem vaso).
  • Assim como no Brasil, existem muitas farmácias (aptekas) na Ucrânia. Ótica é opteka.
  • Vimos poucas agências de correio (poshta). Mas fomos muito bem atendidos numa delas.
  • Pode-se comprar facilmente leite com até 4,5% de gordura em qualquer supermercado. Que inveja!
  • Azeites: não existe óleo de soja por lá (que inveja!). Quase tudo é girassol ou oliva.
  • Para entrar numa igreja ortodoxa, a mulher precisa usar saia e cobrir a cabeça (geralmente com lenço). Como minha mulher prefere viajar com jeans (pela praticidade), antes de sair de casa ela já fez e levou na bolsa uma sobre-saia simples -- um pedaço de tecido com um cordão pra amarrar na cintura -- justamente para essas ocasiões.
  • Praticamente não vimos crianças por lá.
  • Celebridades - Clique aqui para ver uma lista de alguns ucranianos famosos (cinema, música, etc).


Algumas fotos


Vista da janela do hotel Lybid (Kiev)

Estação do metrô (Kiev)

Vista noturna: Av. Tarás Schevthenko (Kiev)

Estação ferroviária (Kiev)

Catedral de São Miguel (século XII), Kiev

Versão moderna do Lada (Kiev)

No monumento pelos milhões de ucranianos
que morreram de fome por ordem de Stalin

Pernas de fora no frio, cena comum em Kiev

Calçada ao lado dum boteco em Kiev.
Tradução: cerveja, hot-dog, água, sorvete.


O legítimo bode "espiatório" (em Staré Celó)

Bonde em Lviv. Na placa à esquerda "Tudo
por 10 hryvnie" (cerca de R$ 4,00)


Igreja na cidade de Dubno

Ônibus movido a gás natural, em Lutsk.
Note as cortinas na janelas...


Hydropark, numa das ilhas do Dnieper (Kiev)

Prospect (avenida) Vóli, em Lutsk

Vista do centro histórico de Lviv (Lvov)

Vista parcial do santuário de Potcháiev

Preço da gasolina. Reais: multiplicar por 0,4

Av Tarás Shevtchenko, vista do hotel (Kiev)

Vista da Rua Naberezhno (Kiev)

"Para não esquecer", memorial anticomunista
no muro do mosteiro de São Miguel - Kiev

Agência dos correios em Lutsk
(olha só a limpeza!)


Aldeia típica no interior (Staré Celó)

Noivos num parque de Lutsk

Bolo sofisticado e delicioso:
Servido no Café Caramelo, em Lutsk


Comida típica no supermercado: Varênyky,
pré-pronto e congelado (uns 8 reais / kg)

Email